O Vietname fica para outra altura. Ainda não é desta que me despojo do que sou e do que tenho e mergulho de cabeça num novo poço. Um poço que já viu uma guerra passar e que agora ostenta o verde e o sorriso das gentes. Tal como eu.
Ainda assim é tonto pensar "Esta é a minha Terra e foi feita para mim"; digamos que se assemelha à sensação de ouvirmos aquela música e pensarmos "Isto foi escrito para mim..é a minha vida cantada" quando na verdade as coisas estão lá, nós é que fazemos parte desse lado de lá e nem nos damos conta.
Quanto mais vivemos mais queremos viver. A vida é sem dúvida viciante. Porém escasseia e, como tal, leva-nos a fazer as malas e a sofrer por antecipação; a vontade de seguirmos o coelho branco para planarmos na queda de asas abertas - como deve ser bom sentir o vento a passar entre os dedos - como deve ser a toca do coellho? Será que nos espera um país de maravilhas?
Sou um insatisfeito por natureza. Nada do que tenho ou sou me chega. Quero sempre mais, quero sempre pulsar mais a vida, dançar um twist no trapézio do tempo. Estou sempre atrás do coelho branco. Estou sempre a avistá-lo ao longe, com promessas de lagartas com conselhos sábios, chapeleiros loucos com um mundo de contrastes para me mostrar, rainhas de copas para derrotar - mundos dentro de mundos para conhecer.
Sei que o coelho já faz toc-toc no visor do relógio de bolso. E agora já bate com a pata chão. Teme o atraso, teme que o ponteiro bata nas 12. Coelho mais irritante. Eu não tenho pressa - devia - mas não tenho.
O meu país de maravilhas é aqui. E apesar de haver 1001 sonhos por realizar, existe um que já está a ser vivido. Não quero abandonar este sonho, quero viver os outros mas sempre com a certeza que este último virá comigo viver os outros 1000.
A vida é tão curta para fazer planos que passei a mergulhar por impulso para ver o fundo do mar. Antes planeava e os peixes fugiam entretanto. Agora Vejo. Agora Vivo. Sinto o Vietname.
Já referi que o coelho branco me irrita?